quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Desafio de Bombinhas: a prova mais difícil até hoje!

Quinta feira, dia 13 de Agosto, 14h, saio do Rio de Janeiro com destino final Bombinhas em Santa Catarina, cidade esta que até pouco tempo atrás, eu nunca tinha ouvido falar. Primeira parada Campinas, onde a companhia aérea fez escala. Lá fico por 2h até pegar outro vôo rumo a Navegantes. Parto para a rodoviária de Itajaí, cidade vizinha que tem ônibus regular para Bombinhas e duas horas depois de pegá-lo, lá estou em Bombinhas. Isso à uma hora da manhã. Vou dormir, pois no dia seguinte tinha um kit para pegar e uma cidade a conhecer.

De manhã vou pegar o kit na pousada patrocinadora do evento e na entrega quase não encontro corredores. Isso porque ainda era cedo e a maioria iria chegar na parte da tarde. O kit foi simples, mas agradou, com a camisa do evento, convite para a festa de encerramento e alguns panfletos. Sou o número 53. Meu número vem com uma novidade: um chip de plástico, que foi lido por um sensor de rádio freqüência no pórtico de largada/chegada. Nunca o tinha visto, e não era necessário amarrá-lo ao tênis.

Na parte da tarde, encontro uns amigos que também foram correr. Até então estava completamente sozinho. Esses amigos são todos Marathon Maniacs ou pretendem ser, e era nesse quesito que eu estava, um pretendente. Já tinha corrido a Maratona de São Paulo e do Rio de Janeiro, e tinha mais uns 15 dias para correr uma terceira para poder entrar nesse grupo. Pois bem, lá estava eu rodeado de Maniacs brasileiros, conversando sobre corridas e outras coisas mais.

Ao final do dia, fomos todos a um congresso técnico no restaurante também patrocinador. Congresso esse muito animado e conduzido pelos organizadores, todos argentinos. Durante o mesmo conheço mais alguns Maniacs. Lá descubro que a mochila de hidratação, antes obrigatória, passou a ser opcional, visto que serão 8 postos de hidratação. Ao final um jantar, pois ninguém é de ferro e cama, já que o dia seguinte começaria cedo.

Às 7h já estava na concentração da corrida que começaria dali à uma hora. Encontro com os amigos, tiro uma foto do pessoal todo reunido e começamos a papear, esperando o tempo passar e a corrida começar. Mas infelizmente ela atrasou 20min e o nervosismo estava cada vez maior. Pouco tempo depois começava a corrida.

Os primeiros 15km corri ao lado de Carlos Hideaki e Rodolfo Lucena. O primeiro já conhecia, e o segundo conheci pessoalmente lá. Durante esses 15km fomos conversando, tirando fotos e ajudando uns aos outros, pois o percurso não era nada fácil. Começamos correndo na areia, depois pegamos um trecho de asfalto e já voltamos para a areia. Ao final da segunda praia, pegamos uma entrada para a montanha e já enfrentamos a primeira trilha. Como a trilha era de terra e estava molhada, virou um lamaçal que era muito difícil de ser transposto. Sempre que dava olhávamos a vista maravilhados.

Depois do km 15 a gente se separou e corri os próximos 10km sozinho. Nesses 10km voltei para a areia, tive que pular um rio, tive que andar com água pela canela. Na marca da Meia-Maratona, parei um pouco para reabastecer as energias, com água, isotônico e frutas. Parto então rumo aos 21km finais.

Logo teria que voltar para as trilhas, que eram a maior parte da prova. Quando não era trilha, era areia, e no final uma surpresa me esperava.

No meio da primeira trilha pós Meia-Maratona encontro com quem viria a ser a minha companhia mais constante durante a prova: Elisete, ultramaratonista de Curitiba. Pois bem, fomos juntos durante todo o percurso, um ajudando o outro e tirando foto do outro, pois as belezas das praias catarinenses mereciam nossa atenção.

A prova estava muito difícil. Mas o pior ainda estava por vir. Desde o km 30 já estavam nos perguntando se éramos os últimos dois corredores. Sempre dizíamos que não, que provavelmente ainda tinha pelo menos três corredores, número esse que estava correto. No km 35 encontramos o último posto de hidratação e segundo e último de frutas e isotônico. Mal sabíamos que os voluntários desse posto seriam os últimos que veríamos. A partir daí todos tinham ido embora, pois achavam que não tinha mais ninguém correndo. E ainda éramos 5.

Depois de muito andar pelas trilhas, chegamos num ponto bastante difícil, tínhamos que ir por cima de muitas pedras. Era um paredão com milhares de pedregulhos: de um lado mato fechado, do outro água, e no meio nós e as pedras. Fomos seguindo aos trancos e barrancos até chegar numa bifurcação. Ou seguíamos reto, ou entrávamos numa das várias trilhas. Nessa hora deveria ter um voluntário, na verdade teve, mas ele foi embora. Infelizmente pegamos o caminho errado, o que nos fez andar muito mais até perceber que estávamos errados, pois as pedras acabavam e nada de caminho. Voltamos e fomos pela trilha que a princípio achávamos ser a certa. Nessa hora fui andado na frente para ver se o caminho era o correto ou se era errado. Quando descobri estar certo, gritei para a Elisete avisando que estávamos certo. Nessa altura só faltavam 2km. Fui correndo que nem um maluco. Antes da chegada encontrei o diretor da prova que foi até ali nos ajudar na localização, já que ele soube do erro e foi lá consertar.

Continuei correndo feito um louco. Nem parecia que já haviam se passado 40km. Quando entrei na última praia e avistei a linha de chegada, eu parecia uma criança. Estava muito feliz. Mas ainda faltavam uns metros. Corri muito e ao fim lá estavam 3 amigos me esperando. Cruzei a linha de chegada com 7h28’47”. Comemorei muito a chegada, tirei muitas fotos, peguei minha medalha, minha blusa de finisher e esperei os meus amigos chegar. Logo atrás de mim chegou a Elisete, depois o Hideaki e após o Rodolfo. Fiquei lá conversando com todos e infelizmente fui embora antes da chegada do Ésio, amigo e Marathon Maniac de Recife. Precisava de um banho para repor as energias, pois não me agüentava mais em pé. Mas encontrei todos num almoço pós-prova às 5:30 da tarde. Para finalizar uma festa de confraternização onde foram entregues os prêmios. Nessa festa teve música ao vivo e não sei de onde tirei forças para dançar.

A corrida foi maravilhosa, mesmo com o problema dos voluntários no final. Adorei cada metro percorrido, mesmo os errados. Agora tenho mais uma história para contar. Ano que vem estarei de novo em Bombinhas, tentando baixar meu tempo, algo que não considero difícil. Carregarei novamente minha máquina fotográfica, pois nesse tipo de prova ela é tão importante quanto a água. Tenho muitas lembranças dessa prova que vou guardar para sempre.

Essa corrida foi meu presente de aniversário. Completo 26 anos hoje, dia 19 de agosto, quatro dias após concluir essa corrida.

É gostoso acabar uma corrida sentindo o gosto do dever cumprido. Foi assim que encerrei essa aventura em Santa Catarina. E agora posso avisar a todos: SOU UM MARATHON MANIAC. Já estou inscrito e sou o número 1761. Obrigado a todos que me ajudaram direta ou indiretamente nessa caminhada.

3 comentários:

  1. Parabens Rodrigo, ainda estou curtindo as histórias da prova, 8:34hs foi o meu tempo mas eu estava zen, o tempo não existia, o que existia era os obstaculos a ser ultrapassados.

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  2. Rodrigo,
    Parabéns pelo relato, pela grande prova, pelo seu aniversário e por sermos irmãos Marathon Maniacs.
    Ano que vem vou precisar da tua ajuda em Bombinhas e dessa vez não vai ter WxO.rsrsrsrs
    Abraços Pernambucanos,
    Júlio Cordeiro MM # 1585

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  3. Meu amigo Rodrigo, passando por aqui atrasado, mais estou deixando registrado aqui os meus parabéns pela prova de bombinhas vi algumas fotos que o Rodolfo Lucena tirou realmente foi uma prova linda de se correr e ao mesmo tempo braba hein...Cada subida bem ingreme...
    Parabéns por vc entrar para o Clube dos MM...Depois eu que sou o fominha...rsss...

    Bons treinos,

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.blogspot.com

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