sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Desafio Prais e Trilhas 84km (Dia 2)

Depois de encarar 42km na véspera, era hora de encarar os 42k finais! Dessa vez a largada era meia hora mais cedo, mas era bem mais perto. Era simplesmente na praia em frente ao hotel, o que me deu 1h a mais de sono, sono este muito do necessário.

O despertador tocou às 5:30, tomei um banho. Arrumei minhas roupas e parti para o café da manhã. Era hora de preparar as malas, pois iríamos trocar de hotel, e cair na estrada, a pé!

Antes de largar houve novamente a checagem do material e a pesagem. Agora eu estava com 71,2kg, o que é meu peso normal para o momento, já que preciso emagrecer! Antes da 7h já estavam todos posicionados para a largada na praia.

Pontualmente às 7h a largada foi dada e ao contrário do dia anterior, a corrida dessa vez começava na areia e já seguia para um dos terrenos mais difíceis: dunas! Era impossível correr direito, preferi andar ainda no km inicial, mas assim como eu, muitos outros tomaram essa decisão. Mesmo igual aos outros, tomei a ponta novamente da corrida. Eu e mais uns éramos os últimos colocados.

Saímos das dunas e enfrentamos logo a primeira trilha, com direito a uma coisa que todo mundo odeia: costão de pedra. Mas incrivelmente estava com gás nessa hora e adorei encarar esses costão. A próxima parada era a Praia Mole, que como o nome diz é uma praia com areia muito fofa, péssima de se correr, mas não teve jeito, a corrida era obrigatória, pois à frente enfrentaríamos uma trilha muito difícil. Logo depois da praia mole passamos por uma praia de nudismo, Galheta. mas pela hora e pelo clima (estava ameaçando chover) não havia sequer um peladão a vista! Devido ao percurso difícil estávamos perto da barreira dos 10k e já tínhamos passado 2h de corrida. Pelo regulamento teríamos que chegar lá até o limite de 2h30min. Fiz as contas e teríamos que acelerar o ritmo para conseguir chegar a tempo. O que tínhamos pela frente? Trilha! E em subida! Mas seguimos. Nessa hora estava comigo a Sabine, minha companheira de maior parte desse desafio e o Rodrigo de São Paulo. Depois de um tempo na trilha seguimos só Sabine e eu!

Chegamos no km10 com 2h28min, mas descobrimos que mesmo que chegássemos com mais de 2h30 não seríamos desclassificados. Somente com mais de 3h30, mas era impossível alguém estourar esse tempo. Nessa hora além do Rodrigo, só tinham 3 ou 4 pessoas atrás da gente. Seguimos em frente numa praia de 12km de extensão. Praia essa que alternava areia mole e dura. Das 4 pessoas que estavam atrás da gente, 2 nos passaram. Mas seguíamos bravamente por aquela curva sem fim, que inicialmente parecia ser do tamanho de Copacabana e mostrou-se ser 3x maior. Essa praia maldita e ao mesmo tempo lindíssima se chama Moçambique. Não preciso nem falar o que tinha depois dessa praia, pelo visto todos que estão lendo sabem que era uma trilha! Nessa hora já estava chovendo e ventando muito, o que incomodava bastante.

Seguimos em frente e chegamos na praia do Santinho. Nessa hora, km29, resolvo correr, e a Sabine resolve andar. Então nos separamos, e segui viagem. Somente quando cheguei é que descobri que a Sabine tinha abandonado um pouco mais à frente. Fiquei muito triste, pois ela é uma pessoa que merecia ter concluído essa corrida. Se soubesse que ela desistiria, certamente não a teria deixado para trás. Mas nessa hora eu não tinha como saber...

Logo depois da Paria do Santinho é que vem a pior parte da prova. O Costão do Santinho! Um costão de pedras escorregadias com sinalização fraca. Como tinha chovido, parte da sinalização deve ter apagado, o que tornou o costão mais difícil ainda. Não sei por qual motivo resolvi encarar o costão com pressa. Mas me arrependi isso na terceira pedra, quando tomei um senhor tombo que quase me jogou na água. Aprendi com o meu erro e vou calmamente pelas pedras molhas e escorregadias. Em certas horas era difícil de se equilibrar. Tinha pedra com limo e devíamos subir por ela. Pela primeira vez durante uma corrida fiquei com medo de morrer! No meio das pedras consigo ultrapassar o Rodrigo, na verdade ele me deu passagem, pois se ele não fizesse isso, seria impossível ultrapassar. Pela primeira vez na minha vida faço 1km em mais de 30min, alho que nem engatinhando se consegue. E detalhe: EU ESTAVA NUMA CORRIDA!!!

Pois bem, o costão/trilha acabou e chegamos na Praia dos Ingleses. Encaro a praia até a metade e sigo para uma rua asfaltada! Nem acreditei quando isso aconteceu! Mas o que é bom dura pouco. Logo em seguida já entrávamos numa trilha. Nessa trilha encontro 2 bois e uma vaca, e a vaca estava justamente na passagem. Ou seja, era preciso espantar a vaca. Nessa hora eu estava acompanhado pelo Flávio de Brasília. Sigo com ele até a praia seguinte, Brava, mas como ele estava com dores na perna, resolvo seguir a diante. Agora só faltavam 2 praias e 1 trilha.

Encaro a trilhas o mais depressa que consigo, mas isso não deve ser considerado algo como muito rápido. Ao final da trilha chego na praia final. Começo a correr que nem um louco, avisto uma festa infantil e acho que é a chegada. Pena que não era, pois estava muito perto! Logo depois avisto a chegada de verdade e um corredor na minha frente, mas ele estava longe o suficiente para ser impossível passá-lo. Sigo no ritmo máximo, e completo o segundo dia com 9h31min, apenas um pouco acima do dia anterior. Completo o desafio dos 84km com 18h58min.

Agora era hora de descansar, tomar banho e assistir a premiação.

Até o próximo relato!

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