quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

BR217 Parte 5 - De Borda da Mata até a Barraca de Consolação

Acabou o Carnaval e por isso volto aos meus relatos! Tinha prometido acabar isso antes do Carnaval, mas a folia me impediu. E como agora estarei muito ocupado, ou escrevo agora, ou essa aventura vai ficar sem um relato final... Vou relatar aqui o penúltimo e o último trecho do João e o meu penúltimo.

O João voltou a correr em Borda da Mata e iria correr até Tocos do Mogi. Porém tinha uma chance de a estrada estar impedida para o carro e ele teria que correr sozinho até Estiva, o que dava um total de 39km. Isso no final de uma corrida era muito, mas seria algo que poderia acontecer.

Assim que ele começou a correr a chuva aumentou. Choveu ainda mais comparando com o que choveu enquanto eu corria. Como teria que encontrá-lo em Tocos e obrigatoriamente teria que passar por Estiva, lá fui eu dirigindo o carro até Estiva. O trajeto passava por Pouso Alegre,e como não agüentava mais dirigir, optei por parar o carro para descansar. Escolhi o melhor lugar que achei, que era um posto de gasolina bem movimentado no centro da cidade. Dormi por um pouco mais de duas horas. Não sei quanto tempo foi ao certo, mas acordei no susto, pois era hora de encontrar o João.

Algum tempo depois chegamos em Estiva e perguntamos se era possível chegar até Tocos do Mogi. Era! Ou seja, teríamos que ir até lá. Mas primeiro resolvi tomar um banho. Já passava de 24h de prova e eu ainda não tinha tomado banho. Banho tomado, espírito renovado! Agora era partir para Tocos de Mogi.

Meu medo era que o João já estivesse passado pela cidade há um tempo, então resolvi acelerar o máximo que a estrada de terra permitia. Encontramos ele 1km além da cidade, o que era ótimo, pois ele não tinha extrapolado o limite dele. Combinamos que ele me encontraria uns 4km adiante, para que eu repusesse meu estoque de água e Gatorade. Já tinha mais do que isso e nada deles. Resolvi pedir para um carro que passava que acordasse eles, para que eles pudessem me apoiar. Ainda bem que tomei essa decisão, senão eu teria corrido todo o trecho e eles teriam ficado por lá. Nada que nos atrapalha-se, já que a exaustão nessa hora era muita e já contávamos com ela.

Meu trecho seria de 21,7km. Já tinha corrido muito e ainda tinha uma Meia Maratona pela frente. Eles foram me acompanhando por todo o tempo (ainda bem que não voltaram a dormir!!!). A estratégia era dar uns km de vantagem e encontrar o carro de apoio depois. Num desses intervalos em que eu corria sozinho encontrei uma cobra! Mas ela estava morta, provavelmente atropelada, mas não quis ter certeza e tratei de voltar a correr. Na verdade voltei a andar, já que era uma ladeira bastante íngreme.

Depois que você chega no alto do último morro (eram vários), há uma descida de aproximadamente 4km, depois uma subida por alguns metros e o último km te levava para Estiva. Esse trajeto eu já conhecia, pois era exatamente o meu penúltimo trecho da BR do ano passado. Dessa vez também era meu penúltimo trecho e a vontade de terminar me fez descer a toda! Corri nesse trecho mais do que corri em toda a corrida. Dei aquele spint final, mesmo Estiva não sendo a linha de chegada. Mas foi gostoso chegar na cidade a toda e terminar meu quarto e penúltimo trecho.

Agora era vez do João correr novamente! Enquanto isso me pesei e fiz um teste de urina. Ambos foram bons! Poderia voltar a corrida. Fizemos um rápido almoço e voltamos à estrada. O João teria agora 25km pela frente e eu mais 18.

Como demoramos um pouco no almoço e na pesagem, só o encontramos novamente no km11, no alto de uma longa subida. Repomos o que faltava, e combinamos de encontrá-lo mais a frente. Isso foi feito e repetido algumas vezes. Na última vez acabamos cochilando e acordamos algum tempo depois. Como já estávamos perto da cidade de Consolação bateu o desespero. Era a penúltima cidade e eu trocaria com ele um pouco mais a frente, na famosa Barraca de Consolação, para os derradeiros 18km.

Encontramos com ele um pouco além da cidade, mas ainda longe o bastante da Barraca. Demos o último apoio e marcamos a troca para a Barraca, já que eu seria o responsável pelo último trecho. Comecei a preparar as minhas coisas e alguns minutos depois lá estava ele. Era hora de voltar a correr o que seriam os últimos quilômetros da prova. Nem precisa dizer que a adrenalina estava nas alturas.

Que venha a última serra que nos levaria até Paraisópolis...

Um comentário:

  1. Agora até cobra? Será que vai aparecer um hipopótamo no último trecho? vou aguardar!

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