quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

BR217 Parte 3 - Do Pico do Gavião ate Crisólia

Quando passei a bola para o João, sabia exatamente o que ele iria enfrentar. Foi justamente o meu primeiro trecho no ano passado. Teria que primeiro passar por Andradas e depois subir até Serra dos Limas. Não era possível acompanhá-lo no primeiro trecho, em virtude da estrada de terra ainda estar molhada, possibilitando o atolamento. Resolvemos esperá-lo em Andradas, onde aproveitei para lanchar, trocar de roupa e descansar. Algum tempo depois ele surgiu, e o seguimos, já que nesse trecho poderíamos acompanhá-lo.

Era um trecho cheio de subidas e descidas de aproximadamente 15k. Ano passado foi o pior trecho da prova para mim, pois chovia muito e a estrada mal dava para andar, quanto mais correr, mas esse ano a estrada tinha sido concertada e estava ótima. Após andarmos juntos por uns 10k, resolvemos seguir em frente, pois eu logo teria que voltar a correr. Ele ficou para trás sem apoio e combinamos nos encontrar em Serra dos Limas.

Assim que o Victor e eu chegamos, fui logo comendo a macarronada que os atletas têm direito. Depois usei um banheiro limpo, e fui me preparar para correr. Como já estava no final da tarde, me preparei para correr no escuro, com a lanterna de cabeça (headlamp) e a faixa refletiva, ambos obrigatórios no período noturno. Me abasteci de água na mochila e Gatorade na garrafa de mão. Esperei o João chegar e comecei o meu segundo trecho.

Detalhe que eram 17h50 e no ano anterior estávamos no mesmo ponto aproximadamente à Meia Noite. Foi aí que percebi pela primeira vez que estávamos bem adiantados em relação à mesma corrida no ano passado.

Comecei a correr por uma tremenda subida. 4k depois estava em Barra, um pequeno bairro. Lembrei bastante desse lugar, pois foi aonde perdemos o Peter ano passado. Tinha uma seta para a esquerda, mas como estava muito escuro ele não viu e seguiu para a direita. Isso nos custou 7km rodados à toa. Passei pela seta em questão pintada em frente à Igreja e tirei uma foto para mostrar para o Peter. Sentado na escada da Igreja estava meu grande amigo Seabra, que ano passado tinha feito a BR solo e esse ano estava trabalhando como voluntário na organização.

Um pouco mais a frente tinha um rio, que para passar tinha 2 alternativas: ou molhava-se o pé, ou andava com muito cuidado por uma pedras que tinham que possibilitavam a passagem. Escolhi a segunda opção, o que foi ótimo, já que por causa do cuidado que tinha pude perceber a presença de uma fonte de água natural, onde pude me reabastecer, visto que não teria apoio ao longo desse percurso.

Precisamente às 20h começou a escurecer, e ainda restava pelo menos uma hora de corrida para mim. Liguei minha lanterna e segui viagem. Um pouco mais a frente comecei a cruzar com os carros de apoio de outros corredores. O terceiro carro a passar era o meu! Ele me seguiria até perto de Crisólia, onde acabaria meu trecho. Ainda bem que o carro estaav por perto, visto que a minha headlamp apagou justamente quando não existia mais luz natural. Se o carro não estivesse por perto, eu teria que seguir no breu.

Troquei de headlamp e segui viagem. Já era possível avistar Crisólia. Na praça principal da cidade, que parecia ser a única, encontrei com a minha equipe. Era hora de parar de correr. Passei novamente a Bola para o João. Cada um já tinha feito 2 trechos, o que totalizava até o momento 97k em 13h de corrida.

Um comentário:

  1. Apesar de já estar no ritmo do trabalho novamente, não esqueci de vir aqui e ler mais um trecho da sua aventura na BR! Será que agora o Peter aprende o caminho? Vamos lá que quero ler o final desta novela. []s

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